FAMÍLIA LUNA EM AURORA CEARÁ,ANO 1948. |
O
MONGE E O JORNALISTA - PARTE I
A
ENERGIA ESPIRITUAL DO MONGE SALUSTIANO
GRANGEIRO DE LUNA.
Qual a fonte geradora de
energia motriz? Para um jovem caipira, pobre, do interior cearense, travar uma
luta ferrenha na cidade de Barbalha, Ceará; na busca por uma estabilidade
econômica e quando percorre todas a formas de provação material, sacrifícios,
luta diária e finalmente consegue formar a tão almejada base econômica, para ter uma vida decente ,conforme o
desejo de qualquer jovem que
aspira por uma vida independente, e quando consegue o objetivo desejado, larga
tudo para viver em um mosteiro
Beneditino, enclausurado, numa preparação espiritual contínua, submetido as
regras duras, ritos rígidos, sob as mais difíceis provações continuadas, numa
mortificação diária e constante, na certeza plena de que aquele caminho é
somente de dor, e de purgação corporal e,
mesmo assim, definir uma seta existencial
com uma trajetória sempre para o alvo, um alvo que é algo próximo e distante, a ponto de passar uma vida inteira , ou seja 67 no Mosteiro de São Bento no de Janeiro
numa vida enclausurada, totalmente estranha às raízes familiares e
imerso no convívio diário, e de rotinas constante com os alemães, quando este,
ainda nem sequer tinha uma instrução
básica e um conhecimento eficaz sobre a língua portuguesa, pois aquela época o
vício lingüístico, de uma cultura atrasada, de uma linguagem pobre e rica de imperfeições lingüísticas característico
deste meio atrasado do interior cearense,
dentro deste contexto, conviver com os alemães que com certeza deram
continuidade a forma monástica da Europa, que aquela época era um
continuidade de princípios de relações
humanas totalmente desenvolvido, início do século XX sob a conduta moral
religiosa européia, já devidamente instalada no velho continente,
A CULTURA LITERÁRIA DA ÉPOCA
O Brasil ainda procurava
formar a unidade social, vez que, a maioria da população vivia na zona rural, onde
a estrutura social tinha sido tecida no trabalho escravista e os costumes no
contexto rural ainda eram baseados em uma agricultura escravocrata e uma
indústria que ainda pensava em dar os primeiros passos e o princípio ativo da
civilização que é o respeito às diferenças culturais, religiosas, econômicas,
sociais e individuais parecia ser algo muito distante, pois basta verificar a
Semana de Arte Moderna que aconteceu no centro mais desenvolvido do Brasil nos
dia 13,15 e 17 de fevereiro 1922, no teatro municipal de São Paulo, embora bem
mais tarde, já se faz notar a rejeição Social por parte de boa parcela da elite
intelectualizada do país, para com a arte nova, a literatura nova, a linguagem
nova e por que não dizer a cultura nova no meio acadêmico, pois parte da elite
intelectual que tinha absorvido a seiva renovadora da nova arte Européia,
quando tenta, apresentar a liberdade, na arte de interpretar a existência, seja
através da literatura, da poesia, da música, e da pintura foi praticamente
linchada pelos donos de uma cultura artística, raquítica, mofada viciada nos
padrões da mesmice, das paixões impossíveis, do sabor eterno dos romances
repetidos, a bem da verdade, até a Semana de Arte Moderna, a Brasil vivia o
mesmo, a mesma fórmula artística cultural, sempre endeusada pelos grandes
figurões da época, que somente sabiam transcrever uma fórmula já decaída e não
usada nos grandes centros de civilização mundial, que já enveredavam pela liberdade como o grande mastro para a libertação do homem e das masmorras das
convenções sociais obsoletas, atrasadas, baseada em mitos, em doutrina
aprisionadoras, gaiolas de ouro, limites com limites bem precisos, a argola
do escravo estava presente na mente do senhor
de engenho e por extensão a toda uma significativa parcela da elite intelectual conservadora como um todo;
basta ver que ao lançamento de cada manifesto futurista lançado na Semana de Arte
Moderna , era automaticamente pichado e maculado por uma chuva de conservadores
togados, os dono do saber que se seguraram até o final para não perderem
as suas regalias, ou abrir as comportas do eu para compreender as inovações tão
urgentes, já uma realidade consolidada nos paises
desenvolvidos, e aos renovadores, -O sofrimento
-Que sofrimento! Ter a fórmula do
novo, do usável no mundo civilizado, mas ter de negociar com estes coronéis
donos da literatura,da arte, da cultura e da pintura brasileira que não passavam
de um primitivismo rústico, salvo poucas exceções, tudo representado pelo
parnasianismo decadente ou as paixões proibidas das fórmulas ultrapassadas do
romantismo.
Entendo, portanto, que se
não fossem as determinações tenazes, corajosas, destes intelectuais renovadores,
iluministas brasileiros, determinados, seguros, somados ao apoio de uma
burguesia nascente, mas desprendida, que não mediu esforço para financiar,
apoiar, afiançar o processo cultural renovador que nascia de forma pioneira em
São Paulo; nós ainda estaríamos lendo e relendo os romances clonados dessa
impossibilidade amorosa e chorosa do final do século XIX, pois não é a toa que o
brasileiro é tão saudosista com relação a estes romances.
Acredito que nesta pequena
exposição foi demonstrada que o processo cultural não é algo sempre benéfico
para a sociedade como um todo, pois está grafado em nossas mentes, é preciso ter
força para eliminar ou reciclar o subproduto neste país, e abrir novas comportas para um mundo civilizado,
pois ao meu ver, a cola cultural que une a sociedade brasileira precisa ser
repensada, pois a ativação desta pequena, mas influente gororoba no seio da
sociedade brasileira, tem sido ao meu ver, a grande responsável pela onda de
desagregação social, pela onda da violência, do medo e temor de se viver
harmonicamente em sociedade; pois dá a impressão de que tudo é perigo, tudo é
treva, tudo e violência pura, até quando isto vai perdurar? Que razão é esta? A
razão do homem como o lobo de si mesmo?
Trabalho em elaboração pelo
professor Luiz Domingos de Luna sobre a vida dos primos monges ( Ana
Grangeiro Chaves e Salustiano Grangeiro
de Luna )Email: falcaodouradoarte@hotmail.com
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