domingo, 10 de maio de 2015

40 ANOS DE COLÉGIO PAROQUIAL – 1976- 2016- AS ÁGUIAS NO VÔO DO TEMPO – NOSSA HISTÓRIA, NOSSA MEMÓRIA.

COLÉGIO PAROQUIAL SR MENINO DEUS- AURORA - CEARÁ.

Belém, Belém, Belém a sineta tocou, Dona Nazaré Freire deu o sinal, na porta da frente entravam as meninas, na porta lateral os meninos, em fila a reza, o canto do Hino Nacional, haja discurso e mais discursos, Padre França, Zezim Gonçalves, professor Agostim, e lá pelas tantas Dr. Bastim com a sua retórica brilhante foi logo falando da parábola da águia e da galinha era a manhã do dia 1º de março do ano de 1976, eu não entendi nada, nem sabia quem era a águia nem tampouco a galinha. Depois da vistoria das fardas, sapato, meia, cor, tamanho, largura das saias das meninas, e haja vistoria, enfim todos para a sala.

Eu corri na frente, corri mesmo e sentei no primeiro banco, ao meu lado sentou-se a minha colega Eleusis Gonçalves, naquela época não existia carteira individual, depois de muito corre-corre todo mundo sentou-se.

Um minuto de silencio, um clima de interrogação pairava no ar, uma regra havia sido quebrada, se bem que uma regra costumeira, pois nada havia escrito sobre a regra, todos os meus colegas ficaram impressionados com a quebra da regra, o meu colega Aderbal Alves gritou ! logo - Luiz Domingos e Eleusis vão sentar no mesmo banco e ninguém diz Nada ? 

-Eleusis perguntou qual é o problema se eu escolhi sentar a lado de Luiz Domingos ? Aderbal Alves “disse Nega velha não fica com raiva não é que eu não sabia que podia sentar com uma mulher ao lado”- eu pensava que era proibido, no que Eleusis retrucou "se era proibido agora já não é mais".

O Aderbal falava isto porque ele namorava com a minha colega Margarida que também era nossa colega e, na verdade, o Aderbal queria sentar ao lado de sua namorada Margarida.

O imbróglio, começou logo cedo, lá vem dona Nazaré Freire para separar o Luiz Domingos de Eleusis, dona Nazaré Freire disse que era norma “homem sentar com homem e mulher com mulher, sentar homem com mulher não era bom para a norma da escola”. Eleusis retrucou: "traga a norma que diz isto que eu saio". Dona Nazaré foi buscar a norma e ainda hoje deve estar procurando a norma que nunca existiu de fato e de direito.

E assim, ficou na frente Luiz Domingos de Luna e Eleusis, atrás imediato Aderbal Alves Filho e seu irmão Aldenor Alves, no atrás imediato Francisco Djalma de Oliveira e Raimundo Sávio Tavares, no atrás imediato Paulo Roberto Quezado e Paulo Macedo e quem quiser que complete a turma, pois o espaço é pequeno para tanta gente.

Entrou Dr Bastim,saudou a turma e gritou  de forma amigável, “e o meu afilhado vai sentar ao lado da jovem Eleusis “– ai eu respondi, sim padrinho Bastim é que eu tive pensando em sua parábola e entendi que eu sou a águia não tenho vocação para ser galinha.

Dr Bastim riu muito e jogou fora a bituca do cigarro e haja um show de matemática pura, matemática pura e aplicada, tocou,mas a aula foi continuada o homem sabia uma matemática e tinha uma didática tão fluente que na verdade ele brincava com matemática e, assim se seguiu durante uma semana, todo mundo triste, e haja tristeza, eu já estava ficando amarelo de tanta tristeza, pois não conseguia acompanhar o raciocínio de Dr. Bastim, assim, no intervalo fui consular o gênio da Sala Francisco Djalma de Oliveira.  –

-Djalma você está entendendo  alguma coisa de matemática – Ele respondeu mais ou menos, consultei o fera Raimundo Sávio Tavares também no mais ou menos e tava todo mundo no mais ou menos. 

A Eleusis minha colega de carteira eu indaguei logo, e ai Eleusis tá entendendo matemática ?- ela pensou ou pouco e me perguntou você quer saber a verdade – Sim, eu quero saber a verdade pura – ela respondeu com toda sinceridade – Luiz, eu não estou entendendo é nada, - como nada ? Se você é uma das mais inteligentes da turma.  -E você,- perguntou Eleusis -Eu ? –sim, eu fico sempre voando nas aulas de matemática. Pois quando tem aulas de matemática todos ficam voando. 

Assim entendi que todos os meus colegas eram águias – pois na verdade todo mundo sabia voar bem nas aulas de  Dr. Bastim.

Na terceira semana o Dr Bastim teve que viajar para Fortaleza, todo mundo bateu palmas, pois seria uma semana sem aulas de matemática – um show, uma apoteose na verdade um alívio da dor de não poder aprisionar o conhecimento dado por Dr Bastim.

No final de Semana todo mundo  na ABA para comemorar uma semana de alivio de matemática – até discurso teve, ora foi criado logo a comissão de formatura que teve a frente a professora Aurineide Fernandes Peixoto, afinal nós éramos ou não éramos humanistas ? Ser humanista era ser o tal, visto em Aurora ainda não existir Ensino Médio- Científico.

Começou na ABA logo, outra confusão, pois uns queriam  festa o costumeiro  e outro excursão. Nomearam o Dep. Antonio Leite Tavares com o Patrono e o paraninfo Dr Plácido Leite Gonçalves o nome da turma foi dado a Aurineide Fernandes Peixoto que aceitou prontamente, era tudo festa, era tudo fantasia, tudo um sonho, na verdade, tudo uma forma utópica para esconder a matemática que ninguém sabia.

A Realidade: Na segunda feira na primeira aula todo mundo esperando  D. Nazaré para notificar a aula vaga ? Era uma festa plena – quando de repente, não mais que de repente entrou  o jovem acadêmico de Engenharia Elétrica Hilton Domingos para substituir Dr Bastim, sem muitas delongas o  jovem acadêmico colocou umas equações de matemática no quadro negro, o verde veio bem depois, e haja colegas meus diante da realidade pura, pura realidade, ninguém sabia  responder os problemas expostos.

O Jovem acadêmico, vendo a dor da turma e o vexame também, disse em  alto e bom tom  vamos fazer uma avaliação dos conhecimentos de vocês e  fez uma prova com 10 questões, a Mana Macedo fez a pergunta que todo mundo queria fazer – Professor esta primeira questão a gente resolve como ? -no que o Hilton Domingos  respondeu – muito simples pegue a forma e deduza. Ai a classe parou – pois na verdade ninguém sabia a fórmula muito menos a dedução da fórmula.

Francisco Djalma de Oliveira de uma integridade que beira o absurdo e de uma sinceridade que ninguém imaginava ao momento, disse em alto e bom tom -professor Hilton aqui ninguém sabe matemática, nós estamos perdidos, na verdade nesta classe ninguém sabe matemática – O que nós devemos fazer – perguntou Djalma , ao que o Professor Hilton respondeu: façam, urgentemente, um grupo de estudos na casa de um colega de vocês e selecione os aptos por área de conhecimento, de forma intensiva durante pelo menos 4 horas por dia, incluindo os finais de semana.

O meu colega João Bosco de Luna ofereceu logo a sua casa, bem como foi nomeado chefe da turma, - A casa fica na Rua General Sampaio no centro de Aurora- Ceará.

Na hora do intervalo eu semeei logo a polêmica, de que adianta ter casa sem ter um quadro negro ? Casa sem quadro negro não vale nada. Ora, o Colega  Paulo Macedo,  vendo  que eu estava  desestimulando a turma gritou em alto e bom tom  eu e a Mana vamos dar uma camisa Tergal Verão para uma rifa e com o dinheiro a gente compra o quadro negro – eu  sempre semeando a polêmica indaguei quem vai vender  os bilhetes da rifa – Nisso Eleusis tomou a palavra  e disse categoricamente nós  - Todos nós – Ouviu Luiz, nós todos- -é se for todo mundo,  pode dar certo. Paulo  Macedo  completou: já deu certo, e nisso nós fomos para o Armarinho da Sra Vanda Macedo na travessa Monsenhor  Vicente Pinto e  todo mundo pegou a camisa e,  de lá, para a casa  Bosco Luna  para fazer a rifa e a entrega dos bilhetes. Com uma semana tínhamos em Caixa uns  200 reais em valores atualizados e, em contato com o Sr Luiz Grangeiro de Luna, ficou este, na responsabilidade de fazer o quadro negro e repassar para a turma de aprendizes.

Da escolha dos professores,- na verdade monitores!!!!

Francisco Djalma de Oliveira ficou com a disciplina de Matemática a  temida.

Eleusis Gonçalves Leite  ficou com a disciplina de Desenho Geométrico

Mana Macedo ficou com a disciplina de História

Aderbal Alves Albuquerque ficou responsável pela pasta de Esportes e Recreação.

Raimundo Sávio Tavares com a cadeira de Ciências.

Luiz Domingos de Luna com a disciplina de Português.

O ano todo de 1976 foi assim: estudo de manhã, estudo de tarde e estudo de noite.

Este artigo  foi escrito por ocasião  dos 40 anos  desta turma de águias que tem a frente o  meu colega Francisco Djalma de Oliveira que,  vendo a nossa luta na historia e na memória  resolveu fazer a comemoração  dos 40 anos no ano de 2016, no mês de julho, com uma solenidade de integração de toda a Tuma de 1976 – humanistas 76 Colégio Paroquial – creio assim, ter dado minha  colaboração com estas pequenas lembranças guardada na memória com muito zelo,muito respeito  e, principalmente com a certeza de que estou  fazendo história, não somente a minha,  mas  de uma turma que quebrou o aço  do possível ou do impossível para hoje também, realizar junto o sonho do jovem  Francisco Djalma de Oliveira –  o encontrão dos 40 anos de turma – humanistas 1976- Colégio Paroquial – Aurora – Ceará - Ano 2016.

Luiz Domingos de Luna – Redator. Email: falcaodouradoarte@hotmail.com








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