segunda-feira, 14 de outubro de 2013

MINHA AQUARELA – PROFESSOR!

FOTO: LUIZ DOMINGOS DE LUNA.


Eu tinha 14 anos e uma grande dor por dentro, uma página com um rabisco colocada em minha frente, precisava fazer o desenho, mas o lápis se acabou, sofri, gritei de nada adiantou, pois na minha cidade somente o Ensino Fundamental era que dava o sinal de que o desenho terminou.

O rabisco mal tinha começado, a página em branco brilhava tinha num canto um ponto que quase ninguém notava, precisava ir em frente, pois o tempo era exigente e tudo ele anotava.

Senti que era frágil diante dessa missão, entrei logo em oração, depois em meditação vi que o mundo era ingrato, arrumei minha bagagem, ao som do apito do trem, a máquina logo a frente na fumaça do momento, na freada ainda quente, desenhou um professor que na sala de aula com um giz rabiscava a vida do educador.

Quando o condutor chegou, para carimbar a passagem, minha primeira viagem, pois o Crato que eu ia, nem eu mesmo sabia o local onde ficava, o condutor foi gentil e disse-me - quando o trem parar fique no trem e não saia – espere ficar sozinho, quando não tiver  ninguém saia  pela porta direita a frente tem um Cristo Redendor faça lá sua oração e diga em voz alta: receba a linda Crato, o rabisco desta aquarela, ainda não é uma vela, não tem luz, não tem nem claridade, um pintor aprendiz, que ainda não fez sua tela, espere que  o tempo pegue em sua  mão, não tenha medo do quadro, mais parece um esquadro, ou um compasso no firmamento, não tem barro, não tem areia, não tem cal, não tem cimento.

O Ancião entregou as ferramentas do momento, uma caneta, uma folha novinha, uns livros e não sei por que uma tabuada que eu nem precisava ler. Um lindo par de sapatos para gastar em passos, passos para frente passos para trás- meu senhor como é seu nome? – Meu nome é o tempo eu somente olho para frente nunca olho para trás, não tenho retrovisor minha pisada é na história, é por isso que admiro a vida de professor, pois no remo da canoa, seja no sol ou na garoa, construindo novas vidas no elo das vidas vividas, no navio desta vida eu sempre estou na Proa, porém no barco da existência, novas gerações e novas consciências, novos e velhos valores estarão em suas mãos no sopro da educação o barco para frente vai sem olhar para trás, mas com o  retrovisor para nas ondas agitadas planar  na serenidade da plantação  do humano em movimento construir sua própria civilização.

Luiz Domingos de Luna professor da Escola de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Vicente Bezerra- Aurora- Ceará.

Sala de Redação do Blog da Escola Monsenhor Vicente Bezerra – Aurora – Ceará. TEL (88)35433903 EMAIL monsenhorbezerra@yahoo.com.br

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